O meu voto já tem dono

07-09-2010 21:41

O meu voto já tem dono

03/09/2010

 


Urna Eletrônica

Marina Silva (PV), Serra (PSDB), Dilma (PT), Eymael (PSDC), Plínio (PSOL), Zé Maria (PSTU), Ivan Pinheiro (PCB), Levy Fidélix (PRTB) ou Ruy Pimenta (PCO). De quem será o meu voto?
 
Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme.
Provérbios 29.2
 
Sempre que se aproximam as eleições sou procurado por membros da igreja que me abordam querendo saber minha posição ou opinião sobre este ou aquele candidato, especialmente para os cargos majoritários. Foi visando ajudar a estes que me honram com seu respeito e esclarecer a tantos outros leitores que escrevi este artigo para o Boletim Cenáculo.

Como cidadão eu sei que sou co-participante da construção de minha cidade, do meu Estado e da minha Nação. Sou um cidadão ficha limpa livre para o pleno exercício dos meus direitos civis e políticos que me são outorgados pelas Leis que regem o meu País, inclusive o direito de livre expressão de pensamento, opinião, consciência e crença.

Como Pastor de uma congregação de fé cristã evangélica, tenho o dever de orientar (não manipular) a igreja que pastoreio a respeito da vida não só no sentido espiritual, mas também social e isto inclui a participação política com responsabilidade e ética no exercício de uma cidadania plena. Conscientizar as pessoas sobre a importância do voto consciente pode ser a minha maior contribuição para o aperfeiçoamento da democracia no meu País. É, portanto, importante o entendimento que a base do amanhã é lançada hoje. O País que espero deixar para os meus filhos e netos dependerá dos governantes, das instituições e das políticas públicas e sociais que o meu voto e o seu vão estabelecendo a cada pleito eleitoral.

A Campanha já está nas ruas, nos carros de som, nos cavaletes espalhados pelos passeios públicos, nos debates transmitidos a nível local e nacional, na mobilização da militância partidária, na TV, no Rádio e na Internet. Muitos são os candidatos, projetos, discursos e propostas. Não são poucas também as falácias típicas do período eleitoral. Lamentavelmente ainda predomina em nossa cultura política um discurso de marketing político rebuscado destoante da prática política do cotidiano. Porém, muito mais do que uma campanha política os candidatos consagrados nas urnas receberão “autoridade e unção” de governo para dirigir a nossa cidade, o nosso Estado e a nossa Nação. Uns podem usar este poder para o mal como para o bem. A quem vamos entregar tudo isto? Ou seja, em quem devemos votar e eleger como nossos governantes? Eis a questão principal, decisiva e muito pessoal.

Pessoalmente, até por uma questão da função ministerial pública que ocupo e por entender que a Igreja (na composição da sua membresia) é uma instituição politicamente pluripartidária; não voto em qualquer um simplesmente por votar. Costumo ser muito criterioso no exercício de minha cidadania. Não tenho padrinhos políticos, embora seja amigo de alguns deles. Não sou filiado a nenhum partido político, embora reconheça o papel de cada um. Logo não nutro por qualquer deles nenhum tipo de fidelidade partidária. Voto essencialmente avaliando pessoas e projetos e não partidos, pois entendo que o meu voto e o seu devem passar por outras questões. Barganhas, benefícios pessoais e concessões ilícitas devem deixar de fazer parte de nossa cultura política. Ética, honestidade e justiça devem ser alguns dos pilares de nossa prática política como eleitores e candidatos.

No pleito que se aproxima nortearei meu voto como cidadão e recomendo que cada vida sob o meu pastoreio reflita sobre o seu voto tendo em vista as seguintes orientações:

  1. Não vote pela cara, pelo partido, pela qualidade da impressão do cartaz ou do santinho, pela preferência da mídia, pelas pesquisas “sob encomenda” ou pelo tipo de benefício que a eleição do candidato trará para você. Voto não é mercadoria. Jesus expulsou em Jerusalém os vendilhões no templo. Precisamos agora expulsar da vida política os vendilhões do voto. Procure votar no candidato/a tendo em vista o seu histórico de vida (presente e passado), a sua capacidade de gerenciar o bem público, seus princípios morais e éticos e as propostas que o mesmo apresenta em favor do segmento geográfico e social que representará especialmente nas áreas de educação, trabalho (geração de emprego e renda), justiça jurídica e social, saúde, habitação, transporte, economia e segurança.

  2. Procure votar em candidatos que expresse as suas mesmas convicções de fé e que dê bom testemunho da sua fé em Cristo. O primeiro compromisso de um evangélico (candidato ou eleitor) é com a Palavra de Deus e qualquer outro compromisso que fira os preceitos bíblicos deve ser considerado espúrio. A Bíblia diz que quando o justo prospera a cidade é exaltada. Logo, quando o ímpio triunfa a cidade geme.  Somos hoje um povo numeroso, porém dividido e fraco, e que lamentavelmente, como os israelitas no Egito ainda não soube usar o seu poder de libertação. Hoje somos aproximadamente 46 milhões de evangélicos no Brasil, 35% da população economicamente ativa e deste universo cerca de 34 milhões de eleitores. A quem estamos confiando o governo desta Nação?

  3. Procure votar em candidatos que tenham clara posição em defesa da vida. Candidato/a que defende qualquer ameaça à vida desde a fecundação até a morte natural não merece o seu voto. Não seja cúmplice dos milhões de abortos, manipulação genética de embriões humanos e eutanásias que serão realizados neste país em nome de falsas ideologias socialmente rotuladas de direitos humanos ou avanços da ciência. Quem mata em nome de uma cartilha política transgride o 6º mandamento como todos os demais homicidas.  O direito humano que precede todos os demais direitos é o direito à vida.

  4. Pocure votar em candidatos que defendam o casamento e a composição da família do modo natural como foi estabelecido por Deus, formado naturalmente por um casal macho e fêmea e os filhos gerados nesta relação. Candidato/a que despreza o casamento como instituição divina (inclusive o dele/a) ou defende o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo ou a adoção de crianças por “casais” não naturais não deve ser contemplado com o seu voto. Os direitos do Criador precedem os direitos das criaturas. Os direitos civis da maioria não podem ser suprimidos pela ditadura das minorias. Não troque a verdade das Escrituras Sagradas pelo “politicamente correto” do mundo.
  5. Procure votar em candidatos que defendam a manutenção da ordem social a partir das leis básicas de nossa nação como república federativa democrática incluindo ai o direito à livre iniciativa empresarial, a proteção à propriedade privada, a liberdade de expressão e de crença religiosa, a promoção da justiça social e a preservação e exploração de nossas riquezas naturais com responsabilidade ambiental. 

Continuarei como tenho feito nestes quase 20 anos de ministério pastoral adotando a postura de não fazer do púlpito palanque eleitoral. Porém não me deixarei levar pela falsa espiritualidade de “satanização” da política, pois entendo que o dever de todo cristão é expressar os valores do Reino de Deus dentro de todo o contexto social no qual está inserido, inclusive no contexto político.
 
O dono do meu voto sou eu! E o seu?
 
Ah! Já estava passando em branco. Nunca vote em branco ou anule o seu voto. O voto em branco ou nulo é o voto dos alienados e omissos politicamente. Não transfira para terceiros o seu dever e nem fuja da sua responsabilidade com a democracia. O voto em branco apenas favorece a eleição do pior dentre os piores. A democracia mesmo imperfeita é a melhor forma de expressar a sua liberdade política. O voto também é uma expressão dos valores éticos da fé em Cristo. Transforme sua revolta e decepção com a política nacional em uma reação positiva de participação e construção de uma Nação mais justa para esta e para as gerações futuras. Deus o abençoe!
 
Com votos de um voto consciente,
Pastor Luis Gonzaga de Paiva Filho.